sexta-feira, 28 de março de 2014

A base remove a pirâmide de cima da sua cabeça..

Há braços dispostos na ação reveladora da desigualdade..

A elite exala a podridão do imperialismo na queda..


Seus restos adubarão a nova relva..


Os oprimidos, iludidos em tornar-se opressores, perdem também seu chão..


A Terra treme no baque estridente da ressurgência..


Uma flor nasce a cada consciência inspirada..


Expira-se o perfume da imensidão humana..


A primavera logo chegará..


O horizonte se move..



AXÉ Educadorxs!
(15.ago.2013)

domingo, 19 de maio de 2013

A casa caiu..


Caiu a árvore


Pescado o peixe

Envenenado o rio

Cortado o morro

Foram presos. E dinheiro não se come!

Mas paga o esquecimento de muita gente?

Pois é..


Se paga licença e empresa de assassinato ambiental..


Se paga voto e campanha de ladrão eleitoral..


É por que memória tem preço.. a alma enlamaçada


Já as prisões..


Costumam enchê-las apenas dos esmagados..

Dos enganados do povo.




Leonardo Schneider
29.04.2013

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Flor de Corticeira (Porto Alegre)



















Na cidade agora ela vive
tem o céu numa rede de estrelas
em que cingem poucas, algumas difusas
incompletas e confusas constelações da realidade.
Induzem o brilho ora em linhas tortas
articuladas em setas, cruzes e espirais.

Há impressões de fugazes planetas,
objetos voadores não identificados
e de vez em quando ruboriza-se a lua
refletindo da estrela diurna
que à noite encobre-se ao véu de luzes artificiais.

Mas tem o céu como rede de estrelas
na morada onde aportam casais.
Uma índia de águas e ilhas pintada
antiga, antepassados os mares internos,
nascida da marítima orla na penúltima regressão.

Secada ao sol dos marinheiros está erguida a cabeleira
feita riachos e rios que desde a serra
as matas aos cachos sua cabeça encontra
banhados no delta os espelhos da face.

Desce na planície o seu corpo no leito
envolta por campos e restingas, fluida nas rochas os costais
arroios de pelos em toda pele, na fauna a visão e a voz.

Desliza em praias, baías, morros, pontas de pedra e areais
das pernas o Lami, suas curvas até Itapuã
seus pés tocam águas dos Patos.

Na terra em que a índia mora, e verte o horizonte
se corre, muito se mata e morre descalço no morro, na rua
ou do alto a nata urbana do sonho, vive propensa
e dispensa - a humana sociedade se encarrega do cabo - Alegre.
A arquitetura de planos medonhos, chuvas em luta
que o rincão afastado às vezes revela
no Guaíba escondida.

Leonardo Schneider
17.02.2013

terça-feira, 13 de novembro de 2012

DOZE DOSES - HASTA SIEMPRE (CHE)

( maracatu - Carlos Puebla / Leonardo Schneider)
















Não quero ser mais escravo da lida
Trem que segue uma só direção
Já perdi tempo demais nessa trilha
Erguendo a riqueza dos homens com minhas mãos
Insistindo parado na mesma estação

HASTA SIEMPRE! Você vem queimando a brisa..
Sem perder a ternura, jamais!
HÁ QUE LUTAR! E aprendemos a querer

Com sóis da primavera pra plantar a bandeira.
Con la luz de tu sonrisa. - Comandante Che Guevara..

Aqui está clara a carinhosa transparência,
Da tua querida presença. - Comandante Che Guevara..

Amor é revolução! Conformar-se um engano
Amar carrega um risco! É um precipício em que vamos
Se atirando, parceiro
Na gana que dá de mudar o mundo inteiro
Onde o sol da tua bravura sobre a história dispara,
Quando toda Santa Clara desperta pra ver-te.

HASTA SIEMPRE! . . .
. . . - Comandante Che Guevara..




segunda-feira, 9 de abril de 2012

CURUPIRA

o medo é um galope saindo das trevas
como quem foge não sabe de quê

o medo é um sol imenso no céu
e uma boca escancarada para a sede

o medo é a possibilidade de enfrentá-lo

- Lau Siqueira


"O Curupira - Lenda Amazônica, óleo em tela de Manoel Santiago (1926)"

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Vivo num samba morenamente cadenciado...

Vivo num samba morenamente cadenciado
Síncopa, Laroiê!
Abre os caminhos e toma-me os rítmos do peito
Cavoca a harmonia das notas
Partido alto
Um repinique de abraços
Ah! Sim
Toques de tamborim a cuíca
Canta - de breque - num fôlego em tua boca
Parece que dançam-me os meios
 Descendo no samba a ladeira da praça
Capoeira
Joga meu corpo e eu jongo
Brinca nas pernas gingadas, umbigadas
Da roda de samba, coco
Iê!
Meu samba enamorado!
De toda a música da terra
A que embala este samba,
Morena, é da tua
Autoria

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ATÉ 2014

Projeta-se no Porto
a Copa para uns poucos
alegres.

(Quatro mil famílias
desalojadas na vila Tronco.)

Exalta-se a corte,
dois ou três disputam
o lucro.

(As obras renegam
a cidade como um todo.)

Mistifica-se no país
a dominação capitalista,
o engodo.

(Há tempos o esporte
em segundo plano.)

Segrega-se a população
pela opressão dos ricos,
a "limpeza".

(A ganância privada, o descaso
público. E a vida?)

























Uma palavra morre
ao ser pronunciada
é o que se diz

(flor que se cumpre
Sem pergunta)

digo que é nesse
exato dia
que ela começa
a viver

- Emily Dickinson
"Alguns poemas" trad. José Lira

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

E SURGE O BICHO GRILO

Como que vindo do nada,
aparece o bicho-grilo,
logo dando seu estrilo,
pois é realmente de paz e amor...
E quer viver mesmo um amor em paz,
e disso é bem capaz...
Com seu cricrilar gostoso,
sabe ser um grilo bondoso e carinhoso...
Não vive grilado,
e jamais fica chateado,
sendo sempre bom companheiro...
Podem chegar sem grilo,
que não haverá novo estrilo...
E se alguma grila gostar do meu cricrilar,
pode se achegar....
Paz e Amor, Bicho...


(Marcial Salaverry)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

CARA-COROA PÃO

Manhã encobre feito lençól
B'anco de padaria...
Acordo manteiga insola
Café com pão
manteiga e chão... Deitado colchão...

Óleos descubro num doce café
Gema de margarida...
Ajeit'anda à janela
Mia do chão:
"pedaço pão"... Fósforo clarão...

Acordes, rasgada, regas do som
A banho - de blues - maria...
Entre faço e num corte
Tesoura vã
picote pan... Cá pêlos visão...

Chás e xadrez como tarde reluz
Óculos de pára risa...
Consorte descola um regato
Na Redenção
troco balcão... Lá 'rranja mamão...

Recebe do fone televisões
Quadros de galeria...
Livros encontra Pessoa
Deita na mão
livres são... Como manteiga e pão...

De vésperas vence a noite enfim
Tarefas de serpentina...
Trelas um sonho, profana
Revolução
café no chão... Cara-coroa manteiga e pão...

9.9.2007

sexta-feira, 9 de julho de 2010

C A S A   D E   R E S I S T Ê N C I A   C U L T U R A L
casaderesistenciacultural.blogspot.com/2010/07/sexta-09072010-sarau.html


É HOJE ! ! !  SEXTA no ENTRE BAR venha no Sarau Dançante ! ! !






























www.myspace.com/dozedoses













africanamenteescoladecapoeiraangola.blogspot.com

terça-feira, 29 de junho de 2010

a fina flor da palavra
a cor em cálice provida
           qual luz aguçada sonoramente
           na oralidade gravada, esculpida
           pela sapiência coletiva, ritualística

           as florescentes gírias,
           os arremedos e toques regionais,
           ideologias

a língua
o étnico
           comunica-se no gesto
           atenta-se aos cantos
           identifica e assim
           argumenta

           só
o ato
o fruto
           na troca semeia
           a terra lavrada a pá

segunda-feira, 28 de junho de 2010

América Latina
aos latino-americanos.

O que fizeram teus deuses?
Enganaram-te?
América, raízes cortadas em espadas de pólvora
Ha! Verdes florestas plantadas de soja e mugidos de bois
Rios de mercúrio, areias, desertos de sal...
Na tua carne brota os sepulcros de milenares indígenas
O grito de Sepé, a arte revolucionária de Sandino, Martí, Mariguela, Juana Azurduy...
Tuas centenas de línguas assassinadas
A cerração cerrada em tuas montanhas de prata arrancadas pelas mãos do filho forçado em miragem de fome
Teus oceanos abertos à sina da bandeira encaveirada
Coberto teu solo por milhões de fantasmas
Teus domínios roubados pelos deuses do teu sonho antecederam tua revolta
Onde estarão teus filhos senão mostrando a face ao verdugo?
Às misérias nascidas do asco europeu e ianque
Teus sambaquis não se renovam...
Tua imagem se revela solitária ao espelho Titicaca
Teus quilombolas sobem morros, e cercados de fúria e medo se sustentam com fuzis apontados para o Mar da Guanabara
Teus camponeses lavram sanhas de fome em sesmarias tomadas por enclaves e solidões de pampa
Levaram teu guano, o salitre, teu cobre, profanaram teu corpo, teu túmulo...
Escravizaram teus filhos
Os nomes da África moldaram nos ferros!
Trouxeram seus corpos e banzos os deixaram ao chicote da loucura
Sonha tua liberdade América!
Nas Chiapas a terra orvalhada em mais um dia!

Dançam com o corpo pintado no Araguaia, no Amazonas quimeram fogueiras, no Putumaio acolhem o doce.
Voa nos olhos do puma ligeiro o aviso, em venenos de flechas o abraço da guerra acolhe invasores
Teus tambores ecoam
A cor antiga da tua liberdade voa nas asas do condor
A marca de uma mão ensanguentada veio a ti oferecendo a morte vestida de batinas e canhões.
Cordilheiras de neve debruçam tua face em teu seio de águas rubras de sangue, negras de mangue, amarelas de ouro, cristalinas de pureza e prata.
Açoites em tua pele coroada de selvas
Andes, Antilhas, Galápagos...
Trópico e geleiras coabitando desertos, caatingas, campos, pedras que se elevam ao cume do Aconcágua
O grito da fauna, o marulhar das águas, as vozes das ruas cheias de sol das tuas metrópoles
O sonho roubado da tua pele carcomida em lamentos
Os meteoros de máquinas a roer o teu seio
Terra do Fogo!
Cavernas de antigos caçadores patagônios, paraíso de gelo e pedras
Árvore que cai aos meus olhos...
Caríssima América!
Te tenho pura em meus braços de amor.

Agosto de 2008.
Odilon Machado de Lourenço.