domingo, 28 de junho de 2009

Presente como a brisa suave em mato fundo.
Mais forte que o som da cascata na chuva.
Verão que me aquece desde as andorinhas...

O rio de cada dia, sempre diverso na sua sede,
De onde me banho em prazer, alegria, sensibilidade.

Dos enlevos, destemido, o amor.

domingo, 21 de junho de 2009

"Huitzilopoxtli, guerreiro,
Colibri à esquerda,
Em círculos de jade estende-se a cidade,
irradiando luz como plumas de quetzal...

Como um escudo que desce,
o Sol se oculta.
Cai a noite no México,
a guerra nos ronda
- Oh! Doador da Vida! -
a guerra se aproxima.

Minha morte florida:
já a folha de obsidiana beija suas pétalas."

Poesia náuatle (pré-colombiana)


*Frente ao inconciliável, sugerem alguns antropólogos, o pensamento recorre aos mitos: e o México é um espaço mítico por excelência. Para os astecas, o brilhante colibri encarnava Huitzilopoxtli, o deus da Guerra em luta permanente com Quetzalcoatl, 'dador' da Vida. Quetzalcoatl morria. Para revivê-lo, para que o Cosmos (e a Razão) retomasse sua Ordem, era nexessário derramar sangue: a guerra ritual e seus sacrifícios, 'a morte florida'. Os passos de uma dança terrível reproduziam, invocavam, recolocavam a Ordem Cósmica, alimentada com esse sangue. Mas para os astecas a História era imutável, marcada apenas por catastróficos ciclos solares."

extraído de 'A Revolução Mexicana' de Héctor Alimonda, ed. Moderna, São Paulo, 1986.

sábado, 13 de junho de 2009

Um luar frio me toma os ossos.
Flutuo de barriga à mostra,
e nesse eixo, de base destituída,
empurro na vida o que é nosso.

Permeado - com o que seguro toda carne -
o calor entrelaça-me longo aos olhos.
A par da manhã ouço-o peito,
enquanto atiras um beijo à forma vaga do meu corpo.

A busca suspira em desbravada fala. Eu
quebro gelo em ares, afloramentos ideais,
com meus punhos, unhas, ritos, atos,
e divago numa consciência em Goa.