quinta-feira, 20 de maio de 2010

o verdadeiro poeta
natural de todo canto
saboreia cada letra
traduzida no mundo

não se apequena em rima
não se constrói num verso

o leitor é quem respira
da palavra o motivo
transformada no sentido
da verdadeira poesia

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CONSUMO

Manchados
de ideais,
os passeios
do corpo.

Respingos
animam
os povos,
as vozes.

Sufocos
aleijam
os braços
no real.

Envoltos
no sangue,
os famintos
do mundo.

DozeDoses . Molotov















Estou a rasgar as vísceras da cidade
A juntar migalhas míseras de amizade
A cantar canções soníferas da antiguidade
A trabalhar em jornadas sudoríparas contra a vontade
A assistir películas ridículas para passar as tardes
De domingos típicos e santos feriados
A olhar propagandas políticas para achar engraçado
Ouvindo as palavras ofídicas desses desgraçados
Que se associaram aos militares do passado
E hoje dão medalhas honoríficas aos soldados
O AI-5 acabou mas continua o conchavo
Me digam qual general que foi condenado?
A informação é restrita por isso ninguém aprende
As atrocidades na América foram muito além de Allende
Beneficiados pela lei até hoje seguem impunes
Os documentos da época lacrados até hoje os tornam imunes
Por isso não duvide que andando na rua, ao cruzar algum senhor,
Você esteja a pocos metros de um torturador

A ditadura acabou?
Não pra quem foi sequestrado
Exilado!
Torturado!
As marcas do corpo ficam opacas, as da mente martelam pesado
Pergunte aos familiares dos milhares de assassinados
O que farim com os militares que disparavam em nome do Estado
Os torturados, mortos e feridos... foram esquecidos
Os senhores torturadores jamais serão olvidados
Devido ao seu "heroísmo", foram homenagiados
Em tempos democráticos lhes reservaram um privilégio
Viraram nome de bairro
Viraram nome de prédio
Viraram nome de rua
Viraram nome de colégio
E como se não bastassem as torturas das antigas milícias
Deixaram suas práticas de herança à nossa atual polícia
Agora democratização. Vingança? Punição? Não! Anistia!
E você pagando pelas suas gordas aposentadorias.

- Kaue Catalfamo