Na cidade agora ela
vive
tem o céu numa rede de estrelas
em que cingem poucas, algumas difusas
tem o céu numa rede de estrelas
em que cingem poucas, algumas difusas
incompletas e
confusas constelações da realidade.
Induzem o brilho
ora em linhas tortas
articuladas em
setas, cruzes e espirais.
Há impressões de
fugazes planetas,
objetos voadores não identificados
objetos voadores não identificados
e de vez em quando
ruboriza-se a lua
refletindo da
estrela diurna
que à noite
encobre-se ao véu de luzes artificiais.
Mas tem o céu como
rede de estrelas
na morada onde
aportam casais.
Uma índia de águas
e ilhas pintada
antiga,
antepassados os mares internos,
nascida da marítima
orla na penúltima regressão.
Secada ao sol dos
marinheiros está erguida a cabeleira
feita riachos e
rios que desde a serra
as matas aos cachos
sua cabeça encontra
banhados no delta os
espelhos da face.
Desce na planície o
seu corpo no leito
envolta por campos
e restingas, fluida nas rochas os costais
arroios de pelos em
toda pele, na fauna a visão e a voz.
Desliza em praias,
baías, morros, pontas de pedra e areais
das pernas o Lami,
suas curvas até Itapuã
seus pés tocam
águas dos Patos.
Na terra em que a
índia mora, e verte o horizonte
se corre, muito se
mata e morre descalço no morro, na rua
ou do alto a nata
urbana do sonho, vive propensa
e dispensa - a
humana sociedade se encarrega do cabo - Alegre.
A arquitetura de
planos medonhos, chuvas em luta
que o rincão afastado às vezes revela
que o rincão afastado às vezes revela
no Guaíba
escondida.
Leonardo Schneider
17.02.2013
Leonardo Schneider
17.02.2013