quinta-feira, 26 de abril de 2007

Crônicas uRbAn místicaS

Lídia viu e não viu nos muquinfos da cidade,
riu e não só riu, desistindo da moeda e do pedinte.
Livro, blusa, cerveja se aleatorizam, o líquido (coeso)
denota toda a volúpia de uma menina que saiu de casa
sem a calcinha certa...

"To implement the Metropolis solution to
the transition matrix, it is necessary to
specify the underlying stochastic matrix α.
This matrix is designed to take the
system from state m into any one of its
neighbouring states n with equal
probability."

Quimeras prováveis, meros modelos
de uma Monte Carlo melhor...
Queria o escarlate, escolheu o cachorro branco,
mas derreteu-se pelo amarelo,

sonhos de toda infanta laranja.

Moça da vida, não... não mais!
Agora já era mulher.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

quero
manivelas,
temporais - chega
de reticências -
e etcétera.

[coro]
quero o vento
nos óleos vítreos,
na retina,
enfim no verde-
amarelo-queimado-azul-imperceptível.
[compasso]
quero-quero,
tomando de assalto,
os campos e alcalóides;
essência campestre
vestida de relva
e turfeira.
[dissoa ou sua?]
quero música:
de sapos a "crilos",
pólen raspando as
ondas gramíneas,
estrela diurna, sombras
de leste diminuto
[pausa]
até o assombroso tremular,

tímpano oeste.
[tom]
só quero lá
com lua recém-crescente.
queres?!
mercato-trocânter!
apolítico_u protozoário
ô de cá do ó

:p~

FLORES DA NOITE

Cheia e branca
a lua resplandece.
Respingos de estrelas
no violeta do céu
no véu dos olhos
cumprimentam...
Complementam
a paisagem
o cheiro das tuas
íris...
cor de noite...

segunda-feira, 16 de abril de 2007

não acredito em fadas!

pelo menos... não mais nessa...

domingo, 15 de abril de 2007

Enquanto os cantos ficam mais distantes,
os pássaros da manhã aos poucos vão suprindo o som...
No outono os lírios desmaiam com o lusco-fusco do clima.
Distantes vôos, longínquas penas em pouso e salto...
.
Noites, ah noites...
Desassossego próprio que se dá,
presente de nós pra si mesmo.
Árvore que cresce e amadurece e sofre
e vive e sonha e lembra e ri...
.
Chuvas de orvalho, que secam
no sol de mais um dia.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Corrente impura,
testei o metal
não era chumbo.
Elos de corda,
fragmentos pendentes
da cultura insone
que lota, cresce e
brota e enche entre
ploc-vuns... ploc
vunnns no ventilador...
Defenestrada - e muita! -
nos mini, mili, micro
mu(n) dos bovinos.
Então muda!
Deita e roga,
pois hão (de haver)
músicos em surdas
palavras e há
(de existir) ãos e
nós.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Angular janela óculos

No xadrez.
Convulsiva busca nas grades.
Tinha compromisso mas varreu
brechós em busca das alegorias
cheias de janelas.
Os cabelos na nuca um pouco
grudados e um pouco voando, roça
uma cócega no meio do corredor
do ônibus que arrepiava ombros
pescoço e bochechas, então pensou
que já tinha saias e calças e blusas
e bolsas e que estava bem protegida
de lhe adivinharem a fragilidade da
nuca, no verso.
Desconversada entre focos côncavos
da tarde ofuscante, mistura dela
que brota, já, agora. O vento seca-
lhe a nuca até cabelos e outros,
pelos cantos, como nunca dantes done.
- interrupção -
Desfalece facilmente e nem sente
os ombros, nem a nuca, nem nada mais,
cada vez mais sonho.
Grama nuca, a mão (segura) na mão
nuvem da semi-queda...
Puxa... lhe afaga o rosto, sorri com
a calma dos olhos reabertos... que
reconhecem os dentes... alheios.
Os dentes de não importantes que
transeuntes apagam no interior do
verde claro - verde escuro.
Desaparecem vagamente no interior
do verde duro escuro.
Uníssona acorda deste quase sono
e apronta sua descida - ela já
está em casa.

Pastoriz / Schneider / Cefis
grilagem/s.f./: Sistema ou organização dos grileiros; posse ilegal de terras, mediante documentos falsos.

grilo/s.m./: Inseto da ordem dos Saltatórios, de longas antenas e aparelho musical; em São Paulo é popularmente chamado o inspetor de veículos; terreno cujo título de propriedade é falso; (pop.) ruído das peças da carroçaria dos automóveis velhos ou mal ajustados. (Voz do inseto: chirriar, cricrilar, estridular, guizalhar, trilar, tritrinar.) (Folc.: os curandeiros prescrevem chá de grilo para a cura de doenças urinárias, principalmente em casos de retenção de urina. Não há o menor fundamento em tal uso asqueroso.)

domingo, 8 de abril de 2007

Quinta-feira

Esguio, sorrateiro,
entre telhas e telhados,
mia um gato
que responde
aos gritos da cidade.

A noite enluarada,
com nuvens ao redor,
misteriosa por natureza
e úmida por opção,
faz-se bela.

Geraldo janta
pensa na vida como está,
ganha um beijo da esposa
nove e cinco, são agora...
ele tem que trabalhar.

Na varanda, sorridente
o felino branco
mostra os dentes,
e a língua
a lhe banhar.

Na esquina, em frente,
passa assobiando
o vento
que faz árvores dançarem
e cabelos balançar.

Agora, no carro,
ele pensa em sua lida,
a segunda do dia,
para a mulher
e a casa sustentar.

Um pulo, e sacada
vira calçada
onde a mariposa,
em direção à rua,
está a lhe zombar.

O tempo fecha
e a visão da lua
não transparece mais...
o céu vai cair,
pressentimentos.

Nebulosas em mente,
o homem nem sente
aonde à frente
cérebro e trânsito
vão lhe guiar.

O instinto coordena
suas alvas patas,
no inseto, atacar
também avisa do carro,
mas sem tempo de desviar.

Gato e roda se tocam,
mariposa segue a voar,
Geraldo sai do carro e vê
o bichano, relâmpagos (de espasmos),
trovões e chuva.

De sua cabeça ferida
chove sangue,
junto com a água,
dá tons rosé
à dantesca cena.

Geraldo tira o bicho
do meio da avenida,
sua coleira azul indica
nome: Prometeu...
E agora homem?
teu fogo, teu conhecimento
se esvaíram na chuva.
Basta ires a Hades
reacendê-lo.
gato noite rua
rato fuga tronco guincha
unha toco tato
fato: Felis só,
rói dor.
lua branca
resplandescente,
ilumina o amor
crescente.

alvura
às mancheias,
completo o amor,
lua cheia.

desgosto?
intrigante
escuro o amor,
minguante

alegria
beleza tua,
sideral o amor
nova lua.

paixão, magia
nua, pura
ciclo do amor
fases da lua.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Extenuar sentimentos
em minutos de sensação
gotejante, me chovo
de lepidóptero-borboleta
de nuvem

Desnudando luas
em noites de ruas perfeitas,
instável instante
de perfume e gozo
de uvas

terça-feira, 3 de abril de 2007

Esbaldeadamente!

Azollas e Nimpheias
repousam ao largo.
Caldo de diatomáceas,
tartarugas e de helicônias
flores...
Cambando as águas
estrépido chacoalhar
do verde, que salta!
olhos...
Caiu a corticeira
no lago-outono.
- chuva ao passo -
me banho...