Esguio, sorrateiro,
entre telhas e telhados,
mia um gato
que responde
aos gritos da cidade.
A noite enluarada,
com nuvens ao redor,
misteriosa por natureza
e úmida por opção,
faz-se bela.
Geraldo janta
pensa na vida como está,
ganha um beijo da esposa
nove e cinco, são agora...
ele tem que trabalhar.
Na varanda, sorridente
o felino branco
mostra os dentes,
e a língua
a lhe banhar.
Na esquina, em frente,
passa assobiando
o vento
que faz árvores dançarem
e cabelos balançar.
Agora, no carro,
ele pensa em sua lida,
a segunda do dia,
para a mulher
e a casa sustentar.
Um pulo, e sacada
vira calçada
onde a mariposa,
em direção à rua,
está a lhe zombar.
O tempo fecha
e a visão da lua
não transparece mais...
o céu vai cair,
pressentimentos.
Nebulosas em mente,
o homem nem sente
aonde à frente
cérebro e trânsito
vão lhe guiar.
O instinto coordena
suas alvas patas,
no inseto, atacar
também avisa do carro,
mas sem tempo de desviar.
Gato e roda se tocam,
mariposa segue a voar,
Geraldo sai do carro e vê
o bichano, relâmpagos (de espasmos),
trovões e chuva.
De sua cabeça ferida
chove sangue,
junto com a água,
dá tons rosé
à dantesca cena.
Geraldo tira o bicho
do meio da avenida,
sua coleira azul indica
nome: Prometeu...
E agora homem?
teu fogo, teu conhecimento
se esvaíram na chuva.
Basta ires a Hades
reacendê-lo.
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