sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Goya

Sou Goya!
Órbitas-covas cavou-me o inimigo, revôo de corvos na gula de espólios.
Sou guerra.
Sou grito
de angústia, burgos em fogo no guante nevado dos anos quarenta.

Sou garra
da fome.
Sou gorja
de mulher garroteada, cadáver-badalo dobrando numa praça calva...
Sou Goya!
Galas
da vingança! Devolvo a oeste de um golpe as cinzas ingratas do hóspede!

E gravo no céu da memória estrelas fixas como cravos.

Sou Goya.

(Andréi Vozniessiênski - 1960

trad. Haroldo de Campos)

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